quinta-feira, 27 de junho de 2013

À MUSA ENVIUVADA

Como dizer te amo,
Se minha boca está ocupada
Em beijos públicos, nas ruas?

Como me curvar a teu corpo
E puro instintos, me permitir
Melado e doce, em oferenda,
Se meu corpo vaga nas ruas,
Sem dona e com destino?

Como me permitir à presença
Se longe me habito próximo,
Em doação de tamanho ímpeto
Que quase sexo nas tardes
Em que despido de mim
Copulo com a esperança?

Como me exigir aqui
Se me sabes qualquer coisa
Que vaga leve e longe, soçobra
Ao sabor das próprias palavras,
Sêmen e sangue
Que fugiram do texto, do verso
E se fizeram ereção nas ruas do Rio?

Como me exigir só para uma
Se puta política exibo-me
Promessas de prazeres
Em cada esquina?

Não posso dizer te amo, agora,
Mas prometo voltar
E em rosário de infinitas contas
Repetir te amo, te amo, te amo...

Francisco Costa

Rio, 23/06/2013.

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