Insistem em
sabotar meus poemas.
Eu os inundo
de coxas, sexos,
Sóis claros,
sinfonias de fadas,
Flores...
Coisas de encanto e magia,
Mas logo
contaminam-se, sujam-se
De cadáveres
amanhecidos nas ruas,
De moedas
subtraídas do erário,
De fome,
sede, lágrimas, cansaço.
Eu não me
queria assim, aberto a tudo,
Propenso a
ver lixo no meu luxo,
E só cantar
águas claras, sóis a pino,
Enluarados
beijos nas madrugadas.
Talvez de
preciso filtro seletivo,
Com censor
de subtrair o feio, o triste,
Ou com
sensores imunes aos outros,
Eu me
bastasse às imagens nascidas
Para habitar
poemas, parasitar versos.
Mas não.
Insiste ainda em mim
Esses olhos
atentos, captando o mal
E o mau, sem
que eu possa impedir
A
contaminação dos meus versos.
Quero poemas
de luz
Mas o sol do
mundo tem interruptor
E dedos
tristes para pressioná-lo.
Francisco
Costa
Rio, 30/06/2013.
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