quinta-feira, 27 de junho de 2013

A FOTO

(Pra Sonia Costa, in memoriam)

Visto-me dessas canções
Como quem se paramenta
Para solenidade, atento
A cada acorde, pausas, sons
Inaugurando saudades,
Redescobrindo o que passou
E supostamente morto, acorda
Tão dentro e radical, rasgando
Que nem lágrimas se anunciam.

É muita dor! Silenciosamente
Vasculho gavetas, procuro.
Vou aos bolsos, prateleiras,
Até que encontro.

Estás sorrindo o sorriso pálido
Das velhas fotos adormecidas,
Recusando-se ao manuseio
E à contemplação. Olho-a
E entendo que só, sobro
Soçobro afogado diante de ti,
Este sorriso fixo na foto,
Sonoro e amplo em mim.

Francisco Costa

Rio, 30/05/2013

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