A vós, que
sois santo casamenteiro, solicito
Atenção
redobrada em vosso dia.
Permanecei
atento a corações solitários,
Aos que
purgam a dor da solidão e da espera,
Ensimesmaram-se
em vazios e escuros,
Mas sabedores
de que adiante, logo ali,
Há
preenchimento e luz, na forma de corpos.
Lembrai da
moça triste na sacada, entre cortinas
Esperando
intervalos nos dias que se repetem,
E das que
sentadas em bancos de jardins
Sonham
príncipes fugitivos de livros infantis.
Lembrai das
que se desfazem em hormônios,
Em calores e
arrepios, gemeres para ninguém,
Em
parcimônia e segredo, ostentando-se sós
Em camas
imensas, sem partilhas e gozos.
Lembrai das
equivocadas, quase antinaturais,
De sexos
trancados em igrejas e templos,
Latejando em
si pecados inexistentes e culpas
Nascidas do
equívoco e da preconceituação,
Como se
possível alienar parte de si para fora.
Lembrai das
de sexo desenfreado e constante,
Alternando
parceiros, invalidando olhares
E pouco se
dando aos beijos, porque tudo no sexo,
Sujeito de
suas existências, alienadas a momentos.
Lembrai das
de sorrisos infantis, mal sabedoras
De que o
futuro as aguarda mulheres, receptáculos
De sonhos
que se farão luz ou morrerão solitários,
Tragados por
vendavais e borrascas, temporais.
Das que
acenando adeuses e ouvindo até nunca
Trancaram-se
em só memória do irrepetível,
Esperando
anjos mortos, enterrados no passado,
E das que,
emprestadas, esperam posse definitiva.
Das que doam
o corpo enquanto o pensamento
Viaja,
sonhando outros braços e outras palavras,
Em vidas
pela metade, ancoradas no que não querem,
E das que se
permitem só por medo e insegurança,
Inseguras de
próximos passos e entregas novas.
Das que, em
viagens virtuais, sentadas em cadeiras
Imaginam-se
em colos, acariciando acariciadas,
Vivendo só
parte porque de corações migrados,
Exportados
para muito além do monitor,
E das que
mandam mensagem de SOS em poemas,
E se põem
inteiras ao alcance de leitores distraídos.
Lembrai de
todas, meu santo de predileção.
Atentai porque
ainda estão esperando.
Atentai!
Porque ninguém pode chegar ao paraíso
Sem
histórias para contar.
Não se chega
a paraísos chorando.
Francisco
Costa.
Rio
13/06/2013.
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