Estranha a
tua pergunta,
Mas de
pronta e fácil resposta.
Queres saber
porque as vejo assim,
Como coisa
encantada, delicadeza
Escondida,
laceração de desejos
Disfarçados
de mamãe, vovó, titia,
Menina,
senhora, patroa, madame.
Sou muito
vaidoso, sabe?
Narciso que
a si se contempla
Em laivos de
paixão e entrega,
Sempre
pronto à submersão
Em
turbilhões de desejos,
Amando-se
desesperadamente.
Só que não
há narciso sem espelhos.
Sem ter como
se contemplar,
Qualquer
narciso é comum, vulgar
Mundano,
igual a qualquer um.
Só metade do
lado de cá do espelho,
Não me
justifico porque parcial,
Mutilado, só
meio, esquartejado.
Também sou
papai, vovô, titio,
Menino,
senhor, patrão, cavalheiro.
Mas sei
exatamente o que se esconde
Quando me dispo
desses rótulos e
Diante do
espelho, sentindo-me
Completo,
pleno, inteiro, narciso,
Fico pronto
para o que der e vier.
O meu
espelho é a mulher.
Francisco
Costa
Rio,
31/05/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário