sexta-feira, 28 de junho de 2013

ENAMORADO

De coração mole, enamorado do mundo
Compartilho tudo, em cobrança do quinhão
Que me cabe, ser do mundo, em partilha.

Amo os dias claros que se debruçam em luz,
E em luz faz a sagração da vida escorrendo
Dos seus olhos de menina atenta a tudo.

Amo as noites, ninhos de estrelas e lua
Orbitando o meu imaginário de sonhador
Com os braços esticados para recebê-las.

Amo a fauna porque sonora e de movimentos,
Em atestado de que estou vivo, em processo
De cumplicidade com o que se doa me fascina.

Amo a flora multicolorido tapete de formas
Onde se estende os meus olhos e o mundo,
Esse conspirar de belezas e oportunidades.

Amo a água em sua mutabilidade permanente,
Entre as cascatas e as nuvens, em geleiras,
Porque o mesmo nunca se repete, mutante.

Amo os minerais, sopa sólida de nutrientes
A sustentar o que se pode aos olhos e à alma,
Essa parte apartada e que se insiste presente.

Amo, amo tudo o que me anima e sustenta,
Porque tudo anexo de mim, ser do mundo
Em celebração a ti, cálice em oferenda,

Taça que em si contém parte do mundo
A mostra, em trânsito permanente, constante,
Entre o meu amor e a minha necessidade,
Entre beijos e promessas,  esperas.

Como no poema de Neruda, és abelha amarela,
Obrigatória em cada manhã, para que atento
Eu permaneça em louvação à vida,
Milagre que encontrou existência em ti.

Francisco Costa.

Rio, 12/06/2013.

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