Tenho
invejas, sempre ocasionais
E de curtas
durações, passageiras.
A inveja da
hora, agora, está no sol,
Carpindo o
tempo, o dia, meu quintal.
Monótono e
repetitivo, calado e só,
O velho
manipula a enxada,
Gume de
afiado corte cavoucando.
Invejo-o. Extensão
da enxada,
Reduzido a
peça na ferramenta,
Ele a
manipula distraído, esquecido
De que está
vivo, mais que carpindo.
Nele não
dói, e se dói dói pouco
Porque só
dor física, em calos e cortes.
As dores
outras, sem precisa locação,
Estas não
lhe doem porque inexistem.
Todas as
suas perguntas estão respondidas,
Conceitos
simples e de simples compreensão,
Interdito
que está ao que julga maior que ele
Concentrado
na enxada, monótono e só.
Perfeitamente
integrado na ecologia do ser,
Habita só necessidades
materiais, comida,
Água,
abrigo, beberragens ocasionais
Dopando o
corpo no espírito dopado.
Nele não há
a possibilidade do Big Bang,
E a estrela
de Aldebarã não é hipótese,
Inexiste,
diferente da estrela do mar.
Sem
filosofias, sociologias, metafísicas
Um velho
maneja a enxada,
Capina a
minha inveja e o meu quintal.
Francisco
Costa
Rio,
16/05/2013.
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