sábado, 1 de junho de 2013

FILOSOFANDO NO SÁBADO

Telúrico, partilho partilhas.
Nenhum homem é só,
Nenhum homem está só.

Temos a estranha particularidade
De não nos bastarmos, porque poucos,
Quando nos limites dos próprios corpos.

Como uma teia que em si se laça
E em laços em si se tece,
Estamos definitivamente ligados.

Ainda que não te permitas à devassa
Do meu corpo te violando,
Violo-te de maneira indireta,
E te habito: minha voz te invade,
Meu olhar te descobre e vasculha,
Permito-me aos teus cheiros.

Mesmo os átomos que agora,
Anônimos e naturais inflam-me os pulmões,
logo estarão fora, para habitar os teus,
Levando minhas digitais junto.

Partilhamos o sol, a lua, estrelas...
E nenhuma flor se mostra a um só
Ou se esconde em silêncio seletivo
Aquela velha canção de amor.

Nada é teu, nada é meu.
Somos encontros e comunhões,
Fusões de vontades e quereres,
Até que a morte nos individualize.

Francisco Costa.

Rio, 18/05/2013.

Um comentário:

  1. " Como uma teia que em si se laça
    E em laços em si se tece,
    Estamos definitivamente ligados...
    E te habito: minha voz te invade,
    Meu olhar te descobre e vasculha,
    Permito-me aos teus cheiros... logo estarão fora, para habitar os teus,
    Levando minhas digitais junto.

    Partilhamos o sol, a lua, estrelas... Somos encontros e comunhões,
    Fusões de vontades e quereres,
    Até que a morte nos individualize.
    Sim...não tenho dúvida! Beijos Francisco, meu Poeta querido


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