quinta-feira, 8 de agosto de 2013

MENINO DISTANTE

Saudade daquele menino de coração íntegro,
Integral, cantando Beatles, correndo na chuva,
Sem desconfiar que a vida é temporal.

Depois foi só flagelo, catar pedaços dispersos,
Tentar colá-los em versos, tudo inutilmente.
Arranhado, roído, todo lacerado, carcomido,
Hoje, encolhido, choro aquele menino perdido.

Não sei onde o deixei, em que canção ou esquina.
Sei que o mundo é grande e minha alma, pequenina.
Reencontrá-lo agora, só se retornar à outrora.

Impossível. Seria retorno a muitos corpos por aí,
Pelas muitas musas que perdi,  e lágrimas,
Muitas lágrimas que a desidratação do tempo,
Esse fantasma que obsidia e escarnece,
Nunca enternece, não permite mais.

Como palmilhar todos os caminhos?
Foram muitos os ninhos onde me perdi,
Pode ter sido longe e não por aqui.

Preciso encontrá-lo, só não sei onde,
Se numa praça, na rua, num jardim...
Embora desconfie que ainda está em mim.

Francisco Costa

Rio, 08/08/2013.

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