quinta-feira, 22 de agosto de 2013

NARCÍSICO

Amo em mim esta não resignação,
A incapacidade de me despir
Da indignação diante das faltas:

De comida, teto e futuro;
De sorrisos e motivos de sorrisos;
Da lisura diante das coisas públicas;
Do pudor, da moral, do caráter;
Do respeito, do amor, da dedicação.

Indignado também fico
Quando no repasto do que sobra:

Pretensão do saber a verdade;
Intimidade com divindades;
Personalismo, autocracia, predação;
Violência, comércio desenfreado,
Preço para tudo, acomodação.

Este deus do comum e do trivial
Me emancipou,
Para que eu me tornasse cúmplice
No bom combate do que O ultraja.

Deuses que arbitram a diferença
E salvam os indiferentes
Bem poderia ter mandato
Parlamentar e jato à disposição.

Meu Deus chora com as injustiças
E eu, por instinto e necessidade,
Longe dos Seus intermediários,
Servidores do sistema,
Choro junto.

Francisco Costa

Rio, 16/08/2103.

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