Alucinadamente
bêbado por contradições,
Alterno-me
em olhares díspares, manietados
Com as
cordas da insensatez e da loucura.
Percorro
agora os corredores do museu humano,
As entranhas
de suas vilosidades cerebrais
E me encanto
diante de Da Vinci e Kandinsky,
Perdido na
sã insanidade de Van Gogh, nos azuis
De Picasso
envergonhado de Guernica e Franco.
Na sala ao
lado prédios flutuam em desafio
À gravidade
e à inventividade humana, Niemayer
Escondendo
vigas e colunas, na prestidigitação
Da magia em
concreto e vidro. Adiante, distraído,
Le Corbusier
e os anônimos das Pirâmides,
Em precisões
matemáticas de assombro incontido,
Bombardeados
por Cruzadas, Inquisições, Reichs,
OTANs e tudo
o que for de matar e ferir.
No fim do
corredor, Rimbaud e Pessoa fumam
O cachimbo
do chefe Txucarramae, talvez Tupi,
De braços
estendidos a Stanislawsky e Neruda,
Enquanto
incêndios irrompem, não seletivos,
Devorando
livros, obras de arte, leis, vidas,
Em
holocausto ao comércio e às religiões.
Por fim a
última sala, a de porta única,
Só de
entrada, vazia, oca, sem saída,
Encarcerada
em si mesma, com um letreiro:
Aqui ficaria
a sensatez, o amor ao próximo,
O respeito,
a honestidade, a bondade,
A justiça, a
saciedade, o homem integral.
Perdoe-nos a
falha no acervo.
Ainda não
encontramos nada assim,
Ou pelo
menos que se assemelhasse.
Francisco
Costa
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