sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MADRUGADA

Faz escuro,
O sol dorme ainda.

Imagino o que me espera
Escondido nas horas lentas
Que se anunciarão claras
E atentas, sedentas de minutos.

Virá hoje a mulher que espero,
Olhar baldio de quem nada quer
E segredos escondidos no vestido?

Terei a atenção despertada
Pelo que me oprime e incendeia,
Se mascara no discurso político
E se escancara no garotinho
Vestido de fome e inocência?

Plagiarei acordes de violinos
Passeando no jardim, encantando
Balés imaginários de borboletas
E pássaros? Estenderei a mão
Ao moço que passa, alheio e só,
Nos seu passos de desconhecido?

Ou não acontecerá nada,
Será só mais uma onda perdida
Nesse oceano que é a vida?

Em silêncio aguardo que o sol acorde.
Atento e concentrado, disponho-me,
Pronto ao que se fará repentino:
Uma mulher, um sorriso, um verso.

Mas só daqui a pouco. Por enquanto
O sol dorme.
Faz escuro ainda.

Francisco Costa

Rio, 21/08/203.

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