sexta-feira, 23 de agosto de 2013

INFINITO AMOR

“Ai de vós, doutores da lei, sois brancos e caiados por fora
Mas cheios de ossos e podridão por dentro”
(Não lembro onde li isso. Pelas manchetes na imprensa e o comportamento de cristãos, na Bíblia certamente não foi.)

Falo-vos de um infinito amor
Infinito porque infinito,
De tamanho tal que em si
Caiba o universo infinito.

Infinito, grande o bastante
Para caber em todos os corações,
Em todas as consciências,
Em todos.

Não voz falo daquele amor pequeno,
Mesquinho, acorrentado em letras
Que permitiram a Inquisição,
Que joga aviões em torres,
Municia a guerra, é culto ao ódio
À segregação, a omissão do salvo.

Falo-vos de outro amor, maior,
O da solidariedade e da partilha,
O do destino comum, o dos sorrisos,
Avesso ao consumismo do falso amor,
Aquele grande que não se basta
Em teologias de prosperidade,
Com orações ecoando nos shoppings.

Falo-vos de um amor imenso,
Que sufoca a calúnia
(disseram-no o Rei de Israel)
Abafa a delação
(e Judas o vendeu)
Entende limites aqui
(o meu reino não é desse mundo).

Que pode um peito feminino
Como afronta ao infinito
Senão quando o infinito
Começa num coração
E termina na própria pele?

Meu Deus é infinito,
De um infinito tão grande
Que não ouso interpretá-lo.
Seria pretensão demais.

Eu sou só humano.

Francisco Costa

Rio, 14/08/2013.

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