segunda-feira, 26 de agosto de 2013

AINDA CHATEADO

Ousei redigir a palavra puta
E a delação do puritanismo
Se abateu em fúria canina,
Interditando-me ao mundo,
Encarcerando-me em silêncio.

Poderiam ter visto na palavra
A que se permite contrariada
E desprovida de amor e desejo,
Não geme, apenas suporta.

Ou descoberto a mãe de família
Despida de roupas e do pudor
Amealhando moedas e medos
Para dispor na mesa dos filhos.

Talvez assistirem ao desfile
Das que, entre cintas ligas
E canivetes, tangivergam-se
Na corda bamba da sobrevida.

Quem sabe perceberem
As que se percebem em risco,
Pouco humanas, orbitando
Desprezo e acusações?

Talvez meninas que choram
Príncipes repentinos e esperados,
Para alçá-las da vida e edificarem
Realidades feitas de sonhos?

Mas não, insensíveis e frios,
Em complemento às acusações
Preconceituosamente feitas
Às que ornamentam a noite
E amamentam o dia,
Jogaram-me no rol da exclusão.

Agora, mais que solidário, junto
Às de corpos prostituídos,
Lamento pelos de mentes
Prostituídas. A delação
E a censura, o medo da palavra
São o preço de seus michês.

Francisco Costa.

Rio, 25/08/2013.

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