SÓ UM PLÁGIO

Sabe, velho, hoje te lembro,

E a partir de mim:

Impressiono pela semelhança.

Segundo todos, somos

Fisicamente muito parecidos.

Mas, e daí? A Genética explica.

Esta é semelhança menor,

Se me orgulha, não define.

Tenho feito uns desenhozinhos

E fixado em tela, escrito poemas,

Dado algumas aulas e conselhos,

Mas, e daí? Isso não me faz maior.

Se granjeei algum respeito

E admiração foi por motivo outro:

Quixote contemporâneo,

Não me curvo a moinhos

Porque os sei de vento,

Passageiros e ilusórios,

Como essa nossa vida

Que você já gastou toda

E eu, ainda cá, vou gastando

Sem parcimônia, intenso,

Sem perder oportunidades.

Eles não sabem do meu segredo,

Velho, e hoje vou revelar:

Eu sou teu plágio.

Obrigado, pai.

Francisco Costa

Rio, 10/08/2013.

(véspera do Dia dos Pais)