Só almas e
ossos,
Concretude
de carências,
Eles
insistem,
Quase
sobrenaturais,
Na teimosia
de viver.
Nunca lhes
disseram
Que uma
entrada de cinema,
Uma única,
lhes aliviaria
A morte por
mais alguns dias.
Também nada
foi dito
Sobre o
orçamento das armas.
Neles, a
fome, mais que ocasional,
É modo de
vida, cotidiano,
Destino
certo e irremediável.
Não choro
por esses meninos.
Choro por
nós nos shoppings,
Em culto ao
consumismo,
Descartando o
que mataria fomes.
Nas igrejas,
agradecendo
Graça
alcançada, o carro novo,
A nova
empregada,
A própria
salvação,
Alheios e
imunes, cúmplices
Da fome que
fabrica anjos
E perpetua a
indiferença.
Sorte nossa
que não choram
Nem pedem,
nos incomodariam.
Talvez orem,
acreditando
Que só no
paraíso existe comida.
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