quinta-feira, 29 de agosto de 2013

AOS BURGUESES SEM DINHEIRO, INSTRUMENTOS DA ACUMULAÇÃO

Causa-te ojeriza qualquer possibilidade
Em que não és referência,
De preferência, beneficiário.

Para ti tudo é aferido em dinheiro,
Tem a dimensão exata do preço,
E a política se resume a salários.

Nada lês, de pouco sabes, e destila
Uma pretensa sapiência de onisciente,
Apontando caminhos, escolhendo o ideal.

Teus olhos não coletivizam, antes
Apartam em lotes: posses, cor de pele,
Nível de escolaridade, nacionalidade
Faixa etária, condição social, sexualidade...
De maneira a depreciar tudo o que não és.

Rês apascentada, ao invés de desgarrar
E ultrapassar a porteira, criticas
Os que se recusam ao pasto permitido
E às cercas de contenção,
Exigindo que se fortaleça as cercas
E ponham cadeados no portão.

O novo te assusta e incomoda,
O diferente te faz perdido
Porque tens referências fixas,
Doutrinárias, incutidas automaticamente
E automaticamente incorporadas.

Teu senso crítico é operação contábil
E tuas exigências únicas são monetárias.

Não tens oponentes e adversários,
Só inimigos, porque o supremo sacrilégio
É discordar das tuas verdades.

Irritas-me, com este ar douto
De tudo ao alcance,
Em permanentes pedidos, senhor do mundo:
A Deus, a sorte, às forças armadas...
Em reforço à tua própria fraqueza,
Que só se faz forte quando amparada.

Vindo o que esperas, tu me matarás.
Vindo o que espero, eu te educarei.

Francisco Costa

Rio, 29/08/2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário