Sabe aquele
prédio, argamassa e caos
Compondo a
geometria da cidade?
Ali havia um
campinho de futebol,
Onde
machucávamos os pés descalços,
Em cacos de
vidro e topadas, fazendo gols.
Sabe aquela
fábrica de fuligem e fumaça,
A que engole
operários e cospe coisas?
Ali era uma
lagoa, banhávamos nus,
Quando não
pescávamos piabas e acarás.
Sabe aquela
praça onde se perdem balas
E se
encontra a morte e o sangue, a dor?
Lá era o
carnaval das máscaras e blocos,
Das meninas
com as pernas de fora,
Da
ingenuidade sambado alegria.
Sabe aquela
igreja? O deus que morava ali
Não
castigava, não matava, não nos fazia
Termos
culpas nem complexos, receios,
Por sermos
sexuados e estarmos vivos.
Era um deus
de amor e justiça, pelos atos
Cometidos
por nós, e não pelas intenções.
Ah! Tão
tosco e distante o diabo e seus anjos
Naquela
época, nem nos lembrávamos dele,
Que agora
reina e vigia, induz, determina,
Com quase
tanto poder quanto os de Deus.
Perdão, meu
filho.
Vai brincar
de game,
Logo mais
tem funk.
Francisco
Costa
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