sábado, 10 de agosto de 2013

POEMA MAIOR

Preciso hoje cometer o poema mais belo
De tantos quantos já cometi.

Que anule Ulisses e destrone Camões,
Jogue no trivial e no vulgar
Drummond, Rimbaud, Neruda e Pessoa.

Que sendo poema, seja explosão de luz,
Cores espargidas sobre todos, indistintamente.

Vou dedicá-lo aos que não se bastam
Em seus limites e continuam no que fizeram.

Em versos fixarei os que por destino
Contemplam-se na obra, continuidade de si,
E clamarei por bênção e proteção.

Falarei de cada pai, esteja ele na China
Ou aqui, na casa ao lado; contabilizando moedas
Ou afagando o filho sob a marquise; fardado
Ou em trajes de banho, namorando o mar;
Atleta ou hospitalizado; em risos ou lágrimas.

E nenhum pai ficará impune, condenados todos
A beijos, abraços, flores... Magia e encanto.

Mas, poeta menor, desisto imediatamente,
Recolhido ao anonimato de aprendiz
Abraçado a cada pai do planeta,
Declamando versos de Poeta Maior:

“Pai Nosso que estais no céu
Santificado seja o Vosso nome
...”.

Francisco Costa

Rio, 10/08/2013.

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