Perdão, seu
moço, dona moça,
Por esses
meus versos um tanto quanto sujos.
Não nasci
para a dourada lira dos prazeres,
Para
deferências, e os burocráticos sorrisos
Dos
cartórios, devidamente documentados.
Minha
intimidade é com o que fede e agride,
Se esconde
nos subterrâneos da alma humana.
Enoja-me o
asséptico, o perfumado, os dândis
Bem
comportados, com diploma e reconhecimento.
Eu nasci
para as putas, para os mendigos,
Os que
perambulam o cais, e sujam as ruas,
Sem entrada
e sem saída, simples assistentes
Da
ostentação multicolorida dos shoppings.
Em mim clama
o politicamente incorreto,
Os
impropérios, os gemidos, os orgasmos
Sem a
vestimenta do remorso e da vergonha.
Isso. Estou
onde estão os transgressores,
Os que ousam
se apartar, os que abrem mão
De viver com
o piloto automático ligado,
Caminhando
para onde lhes apontam os dedos
Os que se
fizeram donos de tudo e de todos.
Sou só uma
impertinência, inconformismo,
Mero termo
chulo na oração de louvor
E
agradecimento ao que é pequeno.
Este o meu
troféu e meu título,
Saber-me
erva daninha na safra dos contentes,
Água no
leite dos conformados, avarias
Nos luzentes
automóveis do consumismo.
Sou a ponte
entre o passado e o futuro
Passando por
cima de você.
Francisco
Costa
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