Acaso não te
ocorre que o teu amor à divindade
É exatamente
o mesmo amor do semelhante
De outra
religião diferente, de outra denominação?
Que pureza
de propósitos e honestidade de princípios
Se repetem
em mesma intensidade,
Com a mesma certeza
e a mesma dedicação?
Já paraste
pra pensar que o que os divide
Não é o
texto, mas a interpretação
E toda
interpretação é ideológica,
Cercada de
influências, espelho do momento histórico?
Estás pronto
ao sacrifício pela tua causa?
O teu
semelhante também.
És firme e
decidido na devoção?
O teu
semelhante também.
Queres
partilhar tua doutrina, pela absoluta veracidade
Dos seus
princípios e ritos e iniciativas?
O teu
semelhante também.
Carregas o
orgulho de estar com Deus,
Ele também.
Julgas teres
encontrado a verdade que te libertará,
Ele também,
a mesma certeza.
Quantas
guerras por causa de substantivos impressos,
Adjetivos de
análise vária, preconceitos erigidos verdades.
Quanto
sangue derramado em nome de Deus!
Pela mesma
fé com que criticas e rejeitas,
Bin Laden
lançou aviões sobre inocentes,
Satanizados
por serem de religião diferente.
Eles se
acreditam em guerra contigo,
Tu te
acreditas em guerra com eles,
Uma guerra
que se desenrola desde as cavernas,
Sem vencidos
nem vencedores, só vítimas,
Para as
quais sim, chegaram armagedons,
Apocalipses,
finais de tempos, barbaridades.
Cada geração
que chega, chega certa de testemunhar
E vai embora
em apocalipse particular,
Tendo
esperado em vão, com a mesma certeza
Das gerações
que a antecederam.
Estás certo
da intimidade com o divino
Que te
habita e assiste, orienta e protege,
A mesma
absoluta certeza do teu semelhante.
Hoje, quando
eu chegar em casa,
Todos os
meus filhos acorrerão a meu colo,
E cada um se
julgará o mais amado por mim,
E cada um se
acreditará o que mais me entende,
E brigarão
entre si, para ocupar lugares,
E me rirei
diante de tanta inocência.
Francisco
Costa
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