Hoje
amanheceu uma par de chinelos em minha sala.
Ontem, sobre
eles, calçando-os, havia uma mulher.
Esperei-a em
ritual de amante em trânsito para o dia:
Espanei os
móveis, varri o chão, acendi incenso,
Sândalo, em
projeto de subliminar indução ao sexo.
Chegou
etérea, vaporosa, com a leveza tensa e doce
Da que,
prestes à consumação da que em si aguarda
Posse
definitiva, ocupação permanente, delírios,
Não se basta
em corpo só, terminado na própria pele.
Depois se
foi, deixando seu cheiro sobre o sândalo
E suas
digitais escritas em mim, atestando saudade.
Entre o
ontem e um dia talvez, um par de chinelos
Aguarda a inquilina
no chão da minha sala.
Francisco
Costa
Rio,
12/08/2013.
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