Pelo timbre
já sei:
Lá vem mais
um poema mal humorado,
Recheado de
indignação e cobrança.
Eu não os
queria assim
E se
dependesse de mim
Todos os
desprazeres seriam deletados,
Jogados no
arquivo das tristes lembranças,
Para que
murchassem em mofo
E esquecimento.
Mas que
fazer com esses meninos
Que
perambulam com fome e vícios
E morrem nas
calçadas da indiferença?
Onde
esconder a menina que em si gesta
Inoportunidades
de sorrisos e medo,
Sentadas
sobre a orfandade social?
Como fechar
os olhos ao velho choroso,
De mãos
postas, não em preces,
Mas à espera
do que não virá?
De que
maneira me fazer imune
Aos que
dormem sobre papelão
E se cobrem
com marquises?
Como
expulsar dos versos as feridas,
Os miasmas,
a purulência indecente
Dos que
ornamentam o mundo com o caos?
Como
garimpar poemas e decidir
Que só os de
bálsamo e âmbar
Se prestam a
serem mostrados?
No esqueleto
das estrofes,
As palavras
se fazem carne
E encarnam o
que é humano.
Gemem
gozando,
Mas também gemem
chorando.
Francisco
Costa
Rio,
25/08/2013.
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