Amanheci
brega, e quando amanheço assim
Torno-me
íntimo das sarjetas, dos bares,
De casais
dançando tango em luz vermelha,
Cravo na
lapela, sobre o calejado coração.
Em dias tortos
as mulheres se colorem e,
Monumentos
de cosméticos e olhares,
Destilam cores
e promessas nos versos
Que
pacientemente vou colorindo no papel.
Eu me quero
brega, com um copo na mão,
Vivendo
surreais sonhos de sorrisos,
Apascentando
as minhas paixões, discursando
Para os
pombos na praça, para o mendigos
Que dormem
nas portas dos bancos,
Dos
restaurantes, das casas de câmbio.
Eu me quero
insano, voando sobre os prédios,
Mijando no
poste, alisando cães vadios,
Oferecendo-me
arroto na refeição alheia,
Erigindo-me
insulto ao que julgam sensato.
Chega de
estar enquadrado, bem adaptado,
Distribuindo
condolências com ar de riso,
Abraçando
com um canivete na mão.
Basta de
cultivar comedimento,
Ilustrar os
dias com boas maneiras,
Portar-se
menino bem educado,
Esconder o
próprio pau com fome.
Acordei pelo
avesso
E pelo
avesso derreto-me.
O michê da
dor é a revolta.
Francisco
Costa
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