quinta-feira, 8 de agosto de 2013

HIROSHIMA

(A 68 anos, num 06/08, o homem perdeu definitivamente a inocência, aprendendo a auto extinguir-se, agindo como um anti deus, feito de insanidade e fome de poder)

Súbito desovaram o inferno sobre os homens.

Em vômitos de fogo e vendavais de medos,
Foi-se o hímen da inocência humana, rompido
Por átomos instituindo o caos, inaugurando
Cânceres, mutações, secando fauna e flora.

Do nada ergueu-se um apocalipse de horror
Rasgando ventres, estuprando úteros secos
Em agonia de emulação ao nada inaugurado.

Depois o silêncio. O silêncio dos cadáveres
Em partilhas de pedaços porque não inteiros,
Mas esquartejados pela insanidade humana.

Nem mesmo moscas ou micróbios no repasto.
Nada, só o silêncio do luto, e as pedras calcinadas,
Testemunhos únicos da fúria atômica libertada.

Francisco Costa

Rio, 06/08/2013.

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