sexta-feira, 2 de agosto de 2013

FORA DE MERCADO

Tenho que manter as janelas fechadas,
Não devo abri-las hoje.
Meu coração, expansão que em mim não cabe,
Quer fugir, e não sei para onde.

Aquieta-te, vagabundo, que lá fora o mundo
Reclama outros valores. Estamos sem dinheiro
E lá fora está tudo devidamente monetarizado.

Só temos artigos que não constam no comércio,
Mofam e teiam-se em pasto de aranhas
Nas prateleiras do supérfluo e do encalhe:
Amor, solidariedade, partilha, doação...

Mesmo as flores eles não as colhem,
Medindo-as em tamanhos, formas e cores.
Lá são medidas pelo que consta nas etiquetas,
E o que para nós são rosas, magnólias ou margaridas,
Lá são as de preço acessível ou muito caras.

Aquieta-te, vagabundo. Mais tarde,
Se te comportares como menino sensato,
Sairemos a cata do que não pode ser tributado.

Voltaremos com algumas flores silvestres
E todos os sonhos possíveis.
Não custam dinheiro.

Francisco Costa

Rio, 02/08/2013.

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