Tenho que
manter as janelas fechadas,
Não devo
abri-las hoje.
Meu coração,
expansão que em mim não cabe,
Quer fugir,
e não sei para onde.
Aquieta-te,
vagabundo, que lá fora o mundo
Reclama outros
valores. Estamos sem dinheiro
E lá fora
está tudo devidamente monetarizado.
Só temos
artigos que não constam no comércio,
Mofam e
teiam-se em pasto de aranhas
Nas prateleiras
do supérfluo e do encalhe:
Amor,
solidariedade, partilha, doação...
Mesmo as
flores eles não as colhem,
Medindo-as
em tamanhos, formas e cores.
Lá são
medidas pelo que consta nas etiquetas,
E o que para
nós são rosas, magnólias ou margaridas,
Lá são as de
preço acessível ou muito caras.
Aquieta-te,
vagabundo. Mais tarde,
Se te
comportares como menino sensato,
Sairemos a
cata do que não pode ser tributado.
Voltaremos com
algumas flores silvestres
E todos os
sonhos possíveis.
Não custam
dinheiro.
Francisco
Costa
Rio,
02/08/2013.
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