sábado, 1 de junho de 2013

PRIMAVERA NO OUTONO

Ridiculamente apaixonado,
Ornado com a impropriedade
Do que é sensato e sério,
Invoco tempestades interiores,
Numa profusão de hormônios,
Vontades, necessidades, medos
Anunciados na impaciência.

Agora, despido de mim,
Pouco importam filosofias,
Ordenação de pensamentos,
Racionalidade posta no existir...
Qualquer coisa que não carne,
Melindre do acaso elegendo-me
A vítima da hora, o tolo da vez.

Já não me pertenço,
Corpo, alma, pensamentos,
Reduzido a puros instintos
Estabelecendo sentido
Ao que até ontem era nada.

Só anexo da minha pretensão,
Tateio agora o que não sei,
De nada adiantando
A experiência que colecionei.

Eis que é chegada a temporada
De parir versos
E amamentar poemas.

Cúmplices, os dias conspiram.
Vítimas, os meus órgãos transpiram.

Jogaram a primavera no meu outono!

Francisco Costa

Rio, 13/05/2013.

Um comentário:

  1. "... Já não me pertenço,
    Corpo, alma, pensamentos,
    Reduzido a puros instintos
    Estabelecendo sentido
    Ao que até ontem era nada...
    Eis que é chegada a temporada
    De parir versos
    E amamentar poemas...
    Cúmplices, os dias conspiram.
    Vítimas, os meus órgãos transpiram.

    Jogaram a primavera no meu outono!
    Belíssimo...e é um só colorido, inigualável colorido! Beijos e abraços Francisco, meu Poeta predileto e mais querido

    ResponderExcluir