terça-feira, 4 de junho de 2013

MAR DE GASES

Não, de nada sabem.
Na autossuficiência que tudo explica,
Da bactéria a Deus, perambulam tontos,
Agregados à insensatez e ao suicídio.

Acaso passa-lhes pela cabeça
A limitação de se arrastarem,
Cotidianos e cansados,
No fundo de um oceano gasoso?

Não! Não imaginam que levantam os olhos
Para olhar pássaros e nuvens
Como lagostas e camarões, todos os bêntons
Levantam os olhos para ver peixes e espuma.

Falam em construção civil na inocência
Dos que não se sabem construindo conchas,
Mineral expropriação do meio, só empréstimo,
Temporária edificação do que não ficará,
Digerido nos intestinos do tempo.

Por isso empestiam, intoxicam, maculam.
Não sabem dos limites do próprio mar de gases.

Quando souberem cuidarão
Para que não seque nem se suje
Na inauguração de holocaustos e apocalipses.

Pobres desses seres, cujas pernas rastejam
E as cabeças se iludem que voam.

Francisco Costa

Rio, 04/06/2013.

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