Não sei o
que são sonhos,
Não sei
sonhar.
Estranho o
que me dizem,
Essa
capacidade noturna
De viajar no
belo, no bom,
Como se em
outro lugar.
Nunca saí
daqui, nem quero.
O meu mundo
sorri,
E sorrindo
amamenta tudo:
O menino de
mel nos lábios,
A menina de
lirismo e fé.
Cá os homens
se realizam
No que se
bastam, realizados
Em trabalho
e ócio contemplativo,
Ao lado de
mulheres complemento.
As vezes faz
sol, as vezes nubla,
Ocasionalmente
chove, e flores
Se permitem
molhadas e redivivas
Na dança da
chuva.
Não sei
sonhar mas sei dormir.
Em então
vejo corpos ensanguentados,
Ribombar de
bombas, miséria e fome
Escorrendo
em agonia de prantos.
Vejo
corredores iluminados, envidraçados,
Enfeitados
com flores de plástico
E ruídos que
se pretendem música.
Vejo pressa,
vejo urgência, vejo medo
Prostrado em
templos de gritos e uivos,
Com feras
implorando a contenção.
Vejo fumaça,
vejo filas, vejo corpos nus
Em rituais
do supérfluo e passageiro.
Não sei o
que são sonhos, não sei sonhar.
Como então
pretendê-los?
Só sei o que
são pesadelos.
Francisco
Costa
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