Sou de um
tempo em que as floreiras
Eram
permanência de cores nas sacadas
E canções de
amor escorriam nas calçadas.
Não havia
tiroteios, senão nos filmes,
E nenhum
cadáver era anônimo,
Porque
pranteado por todos.
Tempo de
namoradas pudicas e risonhas,
Guardando
segredos e a própria virgindade
Em doações
parciais e cuidadosas.
O anoitecer
encontrava cadeiras nos portões,
Antes da
novela no rádio, maridos e pais
Discutindo o
providencial passe para o gol,
Determinando
posições políticas, radicais,
com postura
firme, conhecedora, determinada.
Não havia
shoppings nem televisão, internet,
De maneira
que as relações eram diretas,
Corpo a
corpo, olhos nos olhos, hálitos recíprocos.
Agora cada
homem está tão isolado em si
Que precisa
de pontes tecnológicas,
Artefatos
descartáveis, atitudes urgentes,
Decisões
imediatas, para que se saiba não morto.
Sou de um
tempo em que os sorrisos eram francos,
As lágrimas,
sinceras, e beijos eram artigos caros,
Comprados
com uma estranha moeda
Que
guardávamos num estranho cofre
Chamado
coração.
Sou de um
tempo em que o tempo era lento,
Não corria,
andava ao sabor do vento.
Tempos idos,
os de outrora.
Tempos
feridos, os de agora.
Francisco
Costa.
Rio,
15/05/2013.
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