Sonhei-me
gigante, enorme,
maior do que
tudo.
E estendi
meus braços em abraços,
ora
coletivo, em enlevo a povos
apátridas,
nômades, implorando
reconhecimento
internacional;
Abracei
povos abandonados,
em lástima
de mercê da própria sorte,
cavoucando
caminhos, a séculos de nós;
Abracei
povos iludidos, em aves à corte
que os
oprime e contem, usam
em benefício
de uns poucos;
Abracei
povos de prepotência em armas,
ditando
caminhos aos cúmplices,
se
amamentando das vítimas,
sangrando dores
e revolta nos resistentes.
Ora
individual, em enlace a corpos únicos,
apartados
porque cada homem, sozinho,
abracei a
menina que em si gesta
feto e medo,
apreensão, sem poder ousar
a santidade
da maternidade porque na rua;
Abracei o
menino drogado, apartado de si,
viajando
ilusões parasitárias da morte;
Abracei
operários transferindo de si
pedaços do
próprio corpo à obra,
para vê-los
postos no mercado
sem a devida
contrapartida;
Abracei os
que esperam milagres
e os que não
esperam nada,
desiludidos
com o que se mostra triste;
Abracei cada
homem e cada mulher.
Os que se
ofereceram ao abraço,
sorridentes
e confiantes;
os
indiferentes, que não perceberam o abraço;
e até os que
se recusaram ao abraço.
Nenhum
homem ficou imune,
nenhum ficou
impune.
Sonhei-me
gigante, enorme,
maior do que
tudo.
Sonhei-me
Deus.
Francisco
Costa
Rio,
22/05/2013.
(Dia do
abraço)
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