sábado, 1 de junho de 2013

SENHORA

Teu olhar
Felina prisão
Domínio, rendição.

Perdão, senhora.  O Que dizer
Se não tens mais ilusões de menina,
Sabes exatamente das perdas, das lágrimas,
Dos adeuses inventariados em dor,
Latejando arrependimentos?

Como te abordar se não em insegurança,
Sondando olhares, atos falhos, gestos
Não pretendidos anunciando-te pronta?

Como dizer do meu desejo
Querendo-se amor se em ti sobeja
A maturidade que me intimida?

Como te dar essas flores e esses versos,
Fazer a corte, se pairas imune e distante,
Longe do meu corpo, próximo
do meu desespero? Como, senhora,
adivinhar o que pretendes e esperas
se diante do amor sou só esse menino
em rugas, com o corpo da sua idade
e todas as carências do mundo?

Acena, senhora, e me reinauguro adulto.

Francisco Costa

Rio, 04/05/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário