domingo, 2 de junho de 2013

SÃO DUAS

Molhada, subtraída da razão
Ela crava unhas, dentes
Em urgência de náufragos submersos,
Agonia de suicidas no espaço,
Entre a vertigem e a explosão final.

Com respiração de afogados,
Estertorando-se louca, em uivos,
Esmaga nas mãos o nada,
Punhos cerrados, retesadas pernas.

Quem a visse assim, eloquência
De gestos estampados na noite,
Diria ter visto um armagedon em curso,
Temporais de estrelas desabando,
Redemoinhos de miragens, loucura.

Mas quem perdesse o momento
E olhasse depois, veria apenas
Uma menina entre cobertores,
Sonhando a inocência dos anjos.

Francisco Costa

Rio, 29/05/2013.

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