domingo, 2 de junho de 2013

MEU VAGABUNDO

Sempre que o sol se quer ausente,
Escondido entre estrelas,
O meu coração foge.

Rebelde fujão, perambula ruas,
Frequenta camas proibidas,
Invade palácios, desfolha livros,
Caminha idéias tortas e desejos vãos.

Mas quando o sol se espreguiça
E atende aos reclamos do dia, acorda,
O meu coração volta,
Sempre carregado de poemas
Que esse vagabundo cata por aí,
Nas minhas madrugadas tristes,
De insônia e apreensão, saudades.

E não adianta tentar prendê-lo.
É rebelde, mal criado, desaforado
Desde menino.
Nenhuma surra o educou,
Nenhuma derrota o prostrou
Nenhuma mulher o domesticou.

Tutor do que não se pode quieto,
Resta-me a resignação de aguardá-lo,
Na esperança de que sempre volte,
Não se perca por aí.

Francisco Costa

Rio,28/05/2013.

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