Quando a
noite cai
E divorciado
da sensatez
Fujo de mim
e viajo,
Percorro
catorze milhões de anos,
Navegando
galáxias distantes
Reverberando
cintilações
De cores
inusitadas, tons desconhecidos,
Pulsáteis,
em redemoinhos de encanto
Consumado em
bilhões de estrelas,
Onde nasce e
se amamenta a vida,
Semeadura
cósmica pululando incógnitas.
E venho aos
átomos e seus segredos,
Gotículas de
energia condensada matéria,
E os vejo no
afã de casamentos e cópulas,
Por instantes
efêmeros, utra rápidos,
Pondo-se na
forma do todo criado,
O que se
esparrama sobre nossos olhos
E o que se
esconde na limitação,
Em segredos
para os não deuses.
E vou a
jardins, partículas de galáxias,
Átomos
ordenados cores e formas,
Odores,
sonoridade interrompendo o tédio,
Permanência
de movimentos, trevas
Vencidas
pelo que se quer e se faz luz,
Pálido
esboço do todo que se permite.
Olho para a
caminha ao lado
E lá dorme o
meu filho, inocência e esperas.
Ele acredita
em papai noel e ora natais,
Na esperança
de mais presentes.
Sequer passa
por sua cabecinha
A impossibilidade
de que naquele saco
Vermelho de
impressionar e acordar magia
Possa caber
todos os brinquedos do mundo.
Não
questiona a impossibilidade
Do bom
velhinho, em uma só noite,
Visitar
todas as crianças do mundo.
Nele só cabe
fé e esperança, o não racional.
E lembro das
minhas viagens e não entendo
As crenças
em deuses tão pequenos,
Enclausurados
em livros e sermões,
Com toda a
sua grandeza revelada:
Desígnios,
desejos, propósitos, ações,
Modus
operandi. Olho de novo pro menino.
Um dia ele
saberá que foi enganado
Como sei que
as religiões me enganaram.
No deus que
me anunciaram
Não cabe
todos os segredos do mundo,
Todos os
conhecimentos do mundo,
O mundo
todo, todo mundo.
O criador é
sempre maior que a criação.
E por não
ver limites nas minhas viagens
Entendo que
o deus que me anunciaram
É um outro
papai noel, de adultos,
Com a mesma
esperança do meu filho,
Que todo dia
pode amanhecer natal.
Amo a
inocência do meu filho.
Deus deve
amar a nossa.
Francisco
Costa
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