domingo, 2 de junho de 2013

A FADA DO PUTEIRO

Alucinadamente louco
Vasculho meus labirintos,
Entre espartilhos e sorrisos,
Meias de seda, cintas ligas,
Em atmosfera de álcool e fumaça.

A orquestra insiste em canções
De lamúrias de cornos,
Desejos interrompidos,
Amantes abandonadas.

No fundo do salão, só shorts
E blusa branca desabotoada
Ela me olha nos olhos, atenta
Às minhas reações e intenções,
Possível cliente em potencial.

Aceno para que venha, é rápida,
No seu corpo de menina ainda,
De pouco uso, pouco maltratada.

Dois camparys com soda depois
Eis-nos no quarto, olhando-nos
Em inquirição de quem começa.

Ao invés, busco conversa,
Interrogo, curioso e interessado.
Logo somos velhos amigos,
Sem sexo e segundas intenções.

E descubro pureza e inocência
Em quem cede o corpo
Mas mantém a alma intacta.

Voltarei mais e muitas vezes,
Só para camparys e conversas.

Descobri que nos puteiros
Podem se esconder fadas.

Francisco Costa

Rio, 30/05/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário