domingo, 2 de junho de 2013

A BUSCA

Perdi meu lirismo.
Em aflição de faminto
À cata da providencial refeição
Saí em busca dele, feto abortado.

Caminhei vales de paz,
Escarpas de tormentas,
E em todos os lugares havia homens
Ostentando a fragilidade, a incerteza,
Esperanças apoiadas no incerto,
No não comprovado, na fé, no medo.

E os vi fugindo, ambicionando-se outros,
Em viagens químicas, drogados,
De  almas nuas, na alienação da ilusão.

Homens outros fugindo na fé,
Fingindo-se diferentes, apartados
Do perfeitamente humano porque natural,
Orando palavras gastas de tão repetidas
Em milênios de apreensão e medo,
Curvados ao desconhecido, a hipóteses.

Eu os vi na contabilização do nada,
Entre moedas e documentos, supondo posse
O que é de uso temporário, simples dispor
Enquanto possível.

Homens havia em frenesi, na loucura,
Dançando sem música, em movimentos
Repetitivos, caminhando sem sair do lugar.

Cansado, desesperançado, resolvi voltar,
Com o lirismo de volta, na velha mochila
Das minhas pretensões, porque o lirismo
É isso, uma busca de nunca ter fim.

Poetas são peregrinos de esperanças,
Caçadores de momentos,
Peitos abertos e corações expostos.

Francisco Costa

Rio, 28/05/2013.

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