Eu abomino o
rato, roedor ladino
em sombra do
homem, desde os primórdios.
De variadas
espécies e variadas raças,
excetuando
os Polos, não há lugar que se pise
que não haja
ratos.
Ninguém,
seja das classes A, B, C, D... Z pode dizer:
nunca comi
ou bebi nada que não tivesse
urina, fezes
ou pelos de ratos.
Nos campos,
silos, paióis, porões de navios, armazens,
pátios de
secagem e estoque, granjas, abatedouros,
fábricas de
alimentos, áreas urbanas e rurais,
centrais
distribuidoras... Nas redes de esgotos
e em nossas
próprias casas estão eles, na santa paz.
É provável
que não haja um único ser humano
que nunca
tenha visto um rato.
Segundo os
cientistas responsáveis pelo estudo
desses
íntimos roedores, para cada rato visto
sete outros
completam a família.
Um terço de
todo o alimento produzido pela humanidade
é consumido
pelos ratos, ou inutilizado pela contaminação:
fezes,
urina, pelos ou pela simples presença,
contato com
os malditos ratos.
Entre os
seus predadores estão aves de rapina,
répteis
(cobras e lagartos) e pequenos felinos.
O Homem não
é considerado predador dessa espécie,
mas espécie
concorrente, porque de mesmos hábitos
e mesmo
nicho ecológico, fazendo quase iguais
Homens e
ratos.
E que
igualdade de comportamentos,
hábitos,
desempenho, são esses?
Entre os
mamíferos, só os humanos e os ratos matam
o semelhante
por parceiro sexual, espaço ou comida.
Só os
humanos e os ratos mostraram
capacidade
de abstração, de idealizar situações futuras,
em proveito
próprio e detrimento do próximo.
Só os
humanos e os ratos exploram semelhantes,
da mesma espécie, ponto-os para trabalhar para
si.
Há uma
guerra surda, silenciosa, entre homens e ratos,
todo um
aparato químico e de armadilhas,
com
escaramuças mútuas, ataques
de estratégias
bem estudadas:
nunca dê um
veneno de efeito imediato, fulminante,
a um rato. Você só matará um rato.
Envenenado,
aos primeiros sintomas,
Ele fugirá
para a colônia, para morrer
Diante dos
semelhantes.
Não se sabe
ainda se por grunhidos ou feromônios
(substâncias
com cheiros específicos, para comunicação),
ele comunica
a todos os outros a presença do veneno,
e nenhum
outro comerá. Por isso as iscas, os pelets
de efeito
retardado, só percebido por eles já tarde,
quando toda
a colônia já comeu e caminha para o fim.
Mas não
basta, estamos perdendo a guerra, infelizmente.
Conscientes
de que em táticas de guerrilha e terrorismo
não nos
destruiriam, se infiltraram entre nós, e miméticos,
vestidos
como nós ou de toga, farda... Assumiram o poder.
Discursam,
elaboram leis, comandam exércitos, polícias...
Nos
administrando, de acordo com a conveniência deles.
Sábios,
substituíram os venenos de efeito imediato,
feito de
armas, cárceres, exílio, banimento e tortura,
pelas pelets
e iscas da morte disfarçada e coletiva,
a que deram
o nome de política econômica,
veneno de ratos para matar gente.
Francisco
Costa
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