domingo, 2 de junho de 2013

EU

A QUATRO MÃOS
(Bate papo, um digita um verso, outro digita outro. Mexe-se, reordena-se, complementam-se e, interessante, nasceu um poema intermediário, entre Francisco e Margarido, na estrutura e no vocabulário)

EU

O pensamento é um palmo,
Cinco dedos enfraquecidos nas mãos,
Ora tapa, ora carícia
Que machuca ou encanta.

Fragilidade, ossos descaídos nos ombros.
Fortaleza, fumaça branca presa na cabeça.

Pinta-me a pele com os sete pecados mortais,
A sangue e fúria
Ou em doces beijos melados.

És os cinco elementos da vida,
Correm por dentro e sinto por fora.
Incomodam e maltratam,
Alentam e acalmam,
Tornam-me humano.

Quatro ventos agarrando um abraço,
Somos forrações mais fortes que leões,
Imunes aos temporais dos dias,
Vítimas das paixões.

Um palmo distante, adiante,
Pés cansados, nariz arrebitado,
Sou só um ser em dor,
Mal amado.

Leva-me, leva-me
Na cara do vento,
Nas mãos.

Carlos Margarido/Francisco Costa

Rio, 08/05/2013.

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