(Ao amigo
Eduardo Ramos, que, segundo ele,
tem um
coração bastardo,
amigo do
meu, vagabundo.)
“Ora,
direis, ouvir estrelas”, já disse alguém.
Ouço-as, e
me falam sempre indiretas,
Em subterfúgios,
disfarces, só sugestões
Apontando o que
nem sempre vejo
E poucos
veem, porque, de tão cotidianos
E simples,
em permanência anunciada,
Passam
calados sob nossos sentidos.
As estrelas?
Elas me dizem dos amanheceres
Amarelos e
entardeceres laranjas,
Avermelhando-se,
para dormir negro
Salpicado
delas falando comigo.
Dizem dos
corpos femininos, em gemido e gozo,
Imunes a
amanheceres, entardeceres, noites,
Sempre
prontos, em oferenda ao instante.
Dizem quando
empurram flores nos caminhos
E acordam a
fauna, sonoridade que se ostenta,
E assopram o
mar, para fazer ondas e marolas.
Mas dizem
também quando falam de fome
E sede e
cansaços e carências, de mortes
Postas sobre
os olhos dos que sabem ver.
Dizem quando
me obrigam ao verso,
Para que eu
diga o que elas me dizem.
Vê, Bilac?
Ouvir estrelas não é privilégio só teu.
Faladeiras o
tempo todo, não calam nunca,
Caçando
aqueles capazes “de ouvir estrelas”.
Francisco
Costa
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