domingo, 1 de setembro de 2013

PALAVRAS

Em torrente contínua, aos borbotões
Os versos vêm chegando, sem que eu
Os possa controlar, insistentes radicais
Querendo-se palavras postas no papel.

As vezes penso que estou enlouquecido,
Preso de ideia única, atividade monótona
Que se repete costumeira e insistente,
Reduzindo-me a frenética digitação.

Que desígnios me impuseram os deuses
Das palavras, as divindades dos signos,
As potestades das ideias versificadas?

Passivo e impotente, quase escravo
Do que me exige combatente em prontidão,
Assisto a vida escorrendo em minhas mãos
Para pingar, ordenada em versos,
Sobre a luz que se reflete no papel.

Essa a minha missão, tourear palavras,
Ordenhar palavras, pastorear palavras,
Até o meu dia último, quando imóvel,
Distante da escrita, estarei reduzido
A ser só as minhas palavras dispersas
No mundo que foi meu, também.

Francisco Costa

Rio, 01/09/2013.

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