terça-feira, 10 de setembro de 2013

POLIPOLAR

Doente sim, e orgulhoso disso.
Polipolar num mundo de sem polos
Ou, no máximo, bipolares em observação.

Sim, de muitos polos que se alternam
E se completam na alternância dos momentos.

Úmido polo de entregas em camas, doação
A polos outros em descargas de paixão.
Polo triste e amuado, diante de cadáveres
Semeados em esquinas, becos, na televisão.

Polo multifacetado em observação, bebendo
Impressões de cores e formas estampadas,
Matéria prima para a ocupação da existência,
Convite de perseguição ao inalcançável.

Polo de indignação e tédio diante de outros
Polos, energizados para alimentar polos
De energia alheia e absorvida, expropriada,
Na forma de acumulação do capital.

Polo sensível e doce diante de polinhos,
Na esperança de que polipolos também um dia.
Polo compenetrado e sério, diante dos séculos,
Da eternidade, do infinito, da divindade.

Polos, polos, polos... Mil, sem contenção,
Em atestado de doença de difícil contaminação.

Francisco Costa

Rio, 02/09/2013.

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