sábado, 28 de setembro de 2013

BOLE BOLE

Nos piqueniques da infância,
Em jardins de grama e sonhos,
Havia um bichinho cilíndrico
Duro, frio, de macia solidez.
Nós o chamávamos de bole.

Pegando-o com o indicador
E o polegar meu pai ordenava:
- Bole! E solícito e obediente
O bichinho se contorcia rápido.

E nós, crianças em curiosidade,
Tentávamos, e nada, nada. Só
A indiferença dos imunes e sós.

Cresci e o bicho ganhou nome:
Caruncho, e identificação:
Larva de um coleóptero
Predador de coqueiros,
Como desvendada foi
A sua obediência a meu pai:
Uma leve pressão dos dedos.

Agora, nas salas de aula,
Vestido de falsa sabedoria
Pronuncio coleóptero,
Mas dentro de mim
Posso ainda ouvir o eco:
Bole, bole!
E os alunos não entendem
O porque do meu sorriso.

Francisco Costa

Rio, 26/09/2013.

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