Nos
piqueniques da infância,
Em jardins
de grama e sonhos,
Havia um
bichinho cilíndrico
Duro, frio,
de macia solidez.
Nós o
chamávamos de bole.
Pegando-o
com o indicador
E o polegar
meu pai ordenava:
- Bole! E
solícito e obediente
O bichinho
se contorcia rápido.
E nós,
crianças em curiosidade,
Tentávamos,
e nada, nada. Só
A
indiferença dos imunes e sós.
Cresci e o
bicho ganhou nome:
Caruncho, e
identificação:
Larva de um
coleóptero
Predador de
coqueiros,
Como
desvendada foi
A sua
obediência a meu pai:
Uma leve
pressão dos dedos.
Agora, nas
salas de aula,
Vestido de
falsa sabedoria
Pronuncio
coleóptero,
Mas dentro
de mim
Posso ainda
ouvir o eco:
Bole, bole!
E os alunos
não entendem
O porque do
meu sorriso.
Francisco
Costa
Rio,
26/09/2013.
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