sábado, 28 de setembro de 2013

Interrompo-me agora
Precariedade ostentando carências.

Quero-me outro, o que não sonha,
O prático, o de acesso a tudo pelo cheque,
O que dorme nas madrugadas
E não sabe mais do que o que ouve.

Quero-me calmo, discreto, bem comportado,
Contando tempo para a fila da previdência,
Entre buzinas e patrões, algemas e fumaça.

Não me quero mais esse que me habita,
Inconformado e rebelde, ditando dúvidas
E ambicionando o que nasce em partos de dor.

Chega de interlúdios em discursos mortos,
Ansiedade de afogado em estertores de ar,
Maledicência no oratório dos pudicos e sãos.

Que se inaugure em mim a sanidade social,
Para que eu possa ir para a igreja
E aposentar os versos.

Francisco Costa

Rio, 25/09/2013.

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