terça-feira, 10 de setembro de 2013

Em que te blindas,
Escondes a própria fragilidade?

Em verdades prontas e que se encaixam,
Na continuidade do que está posto
Porque a mudança implica em se modificar?

Em doutrinas onde deuses sofrem por ti
Ou que tuas fragilidades se justifiquem
Como preço compulsório de livrar-se delas?

Em ficar sempre do lado do mais forte
Porque julgando-os muitos
Estarás com a fragilidade camuflada, despercebida?

Em viagens químicas que te blindam etéreo,
Na suprema ilusão de fazer aço o que é só fumaça?

Na recusa da dissidência, na insistência
De uma inocência que não tens
Porque te sabes fraco, impróprio à resistência?

Abandona a tua armadura, os moinhos são de vento.
Mais que uma diferença de letras, é testemunho
E testamento: blindar não é brindar.

O homem não nasceu para blindagens,
Nasceu para o sol, o céu, o ar.

Só livre da concha o molusco se permite ao mar.

No dia em que aprendermos todos a brindar
Nenhum de nós precisará mais se blindar.

Francisco Costa

Rio, 02/09/2013.

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