sábado, 14 de setembro de 2013

Ontem um verso bateu em minha porta, pedindo que eu o decifrasse.
Não era um versão, dodecassílabo ou coisa parecida,
Era simples versinho pedindo rima, tolo, infantil, de precoce pudor.

Habitante das incógnitas, hóspede do desconhecido, do que é oculto,
Analisei-lhe feições e gestos, prisioneiro da curiosidade, essa parteira
De encantos e desencantos, do que se traduz em sorrisos e prantos,
Em conjecturas do que se sabe impotente e pouco por antecipação.

Era vermelho e simétrico, entrecortado em dobraduras e rasgos, veios,
Como uma ferida porejando sangue, em rubra e continuada hemorragia.
Entre vírgulas um segmento vertical alado em duas asas verdes, opacas.

Ressabiado, navegando em mar de hipóteses, talvezes e possibilidades,
Me aproximei dele em solícito pedido de decifração, coração na mão, e...
Que furor! Esse verso é um impostor, não é um verso, é uma flor.

Francisco Costa

Rio, 12/09/2013.

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