Ontem um
verso bateu em minha porta, pedindo que eu o decifrasse.
Não era um
versão, dodecassílabo ou coisa parecida,
Era simples
versinho pedindo rima, tolo, infantil, de precoce pudor.
Habitante
das incógnitas, hóspede do desconhecido, do que é oculto,
Analisei-lhe
feições e gestos, prisioneiro da curiosidade, essa parteira
De encantos
e desencantos, do que se traduz em sorrisos e prantos,
Em
conjecturas do que se sabe impotente e pouco por antecipação.
Era vermelho
e simétrico, entrecortado em dobraduras e rasgos, veios,
Como uma
ferida porejando sangue, em rubra e continuada hemorragia.
Entre
vírgulas um segmento vertical alado em duas asas verdes, opacas.
Ressabiado,
navegando em mar de hipóteses, talvezes e possibilidades,
Me aproximei
dele em solícito pedido de decifração, coração na mão, e...
Que furor!
Esse verso é um impostor, não é um verso, é uma flor.
Francisco
Costa
Rio,
12/09/2013.
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