segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CARTA ABERTA AO SENHOR DA GUERRA

Senhor Obama

Pouco afeito a rogar pragas,
Até porque não acredito nelas,
Rogo-lhe a praga de bons sonhos,
Segundo a sua concepção,
Porque na nossa, simples mortais,
Sem as blindagens do poder,
Seriam pesadelos:

Que o senhor acorde súbito
No meio de uma inexplicável explosão,
Os tímpanos doendo, os olhos ardendo,
Para conferir a sua plantação em chamas,
A sua casa, todos os seus pertences,
Resultado de uma vida inteira de trabalho,
Fazendo-se pó, fumaça, poeira, nada.

E como espectros surgido das sombras,
Sua mãe se desfazendo em sangue,
Seu casal de filhos mortos, como os da foto,
Seus primos e primas, irmãos e tios...
Em pedaços porque de partes decepadas:
Sem uma perna, um, sem um braço, outro;
Despojados de mão um, cego ainda outro...
Seu cãozinho de estimação esmagado,
Parte dos escombros de um muro.

Toda a sua vida arruinada, destruída,
Reduzida a nada sobre os seus olhos,
Sentados numa pedra em prantos
Vendo os aviões se indo, as tropas
Se indo, com o dever cumprido:
Fazer do tudo, nada. Do nada, tudo,
Esse resto sentado em uma pedra.

E se descobrir na Coréia, no Vietnã,
Na Líbia, no Iraque, no Afeganistão,
Onde houver a digital americana,
Em atestado de pesadelos semeados.

Quem sabe, ao acordar, pela manhã
O senhor mude os seu propósitos?
E o mundo acorde em paz?

Francisco Costa

Rio, 04/09/2013.

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