Em algum
canto por aí,
Talvez mesmo
por aqui,
Um homem
aniversaria.
Mais que
homem nas tardes,
Seu corpo
desmedia fomes
E engolia
bibliotecas, livros,
Pouco
comedido, voraz,
Na
imparcimônia sem limites
Do que se
quer total.
E mais comia,
o sol e o mar,
Quando não
ocupado em camas,
Esgrimando
em superação do amor.
Nada lhe
passou que não fosse fome,
Engolindo
ávido todo ao alcance,
Até a
miséria, o despropósito estranho
De não ter o
que comer.
E comeu isso
também, bom de garfo,
Refestelando-se
em solidariedade,
Até que
inchado tanto de tanto comer
Passou a
regurgitar palavras e sons
Em ritmo de
criar consciência.
A quarenta
anos, no Chile de Pinochet
Com raiva,
de raiva a raiva morreu.
Agora contam
os de ouvidos sensíveis
Que quando o
mar bate nas pedras
Pode-se
ouvir: Pablo, Pablo, Pablo...
Respondido
por consciências rebeldes
E corpos
femininos em contorsão,
Manchando os
sorrisos dos contentes:
Neruda,
Neruda, Neruda, Neruda...
Em momentos
assim de magia
Nada
resiste, nem a poesia,
Que também
se desnuda.
Francisco
Costa
Rio,
23/09/2013.
(quarenta
anos da morte de Neruda, hoje)
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