Estranham
que eu, o empresário,
O homem bem
sucedido,
Pretensamente
dominante
Numa
sociedade de dominados,
More em
casebre rural.
Estranham
que eu, ser político
Que discursou
para multidões,
Me esconda
na casca do anônimo
De enxada na
mão carpindo mato
E edificando
flores e pássaros.
Estranham
que eu, o locutor
De
programação romântica,
Em
permanente incitação ao sexo,
Viva só, em
viuvez auto imposta,
Casado só
com livros e discos.
Estranham a
ausência dos carros,
De estadia
em balneários, os dotes
Comprados,
alugados, arrendados,
Mostrando-me
macho em atividade.
Estranham
(agora, os meus filhos)
A retirada
igual à dos funcionários,
O que me faz
imune às tentações
Do que pode
o dinheiro, o capital,
E solidário
de verdade aos iguais.
Estranham o
que se recusa burguês
E não saca
as armas do poder,
Entre
bichos, plantas poemas,
Aguardando a
definitiva libertação.
Estranham
porque inocentes,
Sem saber da
beleza posta nos dias
E que se
mostra nas coisas mais simples,
Longe dos
shoppings e holofotes.
E mais
estranham as minhas exigências
Na política,
na justiça, no social: Divisão!
Justo eu, que de pouco a ganhar
E muito a
dar, segundo eles, tudo a perder.
Estranham-me
tão estranho,
Sem saberem
que também os estranho.
Francisco
Costa
Rio,
16/09/2013.
"Justo eu, que de pouco a ganhar
ResponderExcluirE muito a dar, segundo eles, tudo a perder.
Estranham-me tão estranho,
Sem saberem que também os estranho."