Eu estive na
guerra.
Não, eu
nunca dei um tiro
Ou
participei de combates,
Mas estive
na guerra.
Meu pai,
sim. Este esteve.
Arrastou no
solo nevado da Itália
Um minguado
corpo de 1,62 m,
E pouco mais
de meio cento de quilos,
Pouco no
espaço para conter a coragem,
E voltou
ainda menor, amputado de partes
Que fariam
falta para sempre.
Lá longe
deixou alguns dentes, o sorriso,
A capacidade
de poder viver em paz,
Fazendo dos
dias plágios dos dias de guerra.
Uma trovoada...
Uma bomba,
Uma
discussão... Uma ordem de ataque,
E mesmo o
sono, oferenda ao alheamento,
Era nele
oportunidade de retorno
E
permanência no que não acabou nunca.
Cresci a seu
lado, em guerra, na guerra.
Ex
combatentes são aqueles
Que jamais
conhecerão a paz.
Obama agora
matará a todos.
Muitos terão
seus cadáveres enterrados,
Muitos
carregarão os próprios cadáveres
Para sempre,
nas costas, sem descanso
E sem
alívio, até que o enterrem,
Quando
enfim, para eles,
Terá chegado
a paz.
Malditos
sejam os senhores das guerras!
Piedade para
os que morrem inteiros,
E mais
piedade para os mortos pela metade,
A arrastarem
os próprios cadáveres,
Na difícil
lição de reaprender a sorrir.
Francisco
Costa
Rio,
06/09/2013.
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